sexta-feira, 6 de julho de 2012





“Vó,os tempos mudaram".

Santos, Maria Madalena dos.
      Dona Laura e sua neta Laureane vivem se discordando uma da outra. Acontece que, Dona Laura viveu num tempo em que a infância era usufruída plenamente.
Na época de Dona Laura, as crianças brincavam de roda, de pique esconde, de passar anel, de carrinhos, casinhas, batizados de bonecas... Brincadeiras que faziam bem pra saúde!
 A avó se recorda de tudo muito feliz! Ah! Como gostaria que seus netos também tivessem uma infância legal, da qual se lembrariam orgulhosos no futuro. Como seria bom se eles se tornassem adultos de sucesso, capazes de saber o que é certo e o que é errado e, que não caíssem nas armadilhas do mundo como muitos jovens de hoje caem.
      Laureane, sua neta, ainda ontem era um bebê. Agora já está mocinha. É uma adulta “em miniatura”. Sabe tudo sobre os problemas do mundo, menos da inocência própria de sua idade.
As brincadeiras animadas do passado que só faziam bem para o corpo, deixavam as crianças mais espertas, mais inteligentes e até mais felizes foram trocadas por jogos eletrônicos, filmes na TV, CDs, DVDs! Que pena porque essas coisas só deixam as crianças violentas, só querem vencer sempre, não sabem perder nunca; só ficam paradas, não tem mais que se movimentarem; daí, às vezes, ficam obesas, revoltadas, vítimas de dietas.
Como era muito melhor um estilo de vida livre, com prática de exercícios físicos, que produzem corpos sarados!
Laureane, ao ouvir a avó, ri dela e diz:
_ Vovó, você tá ficando velha mesmo!
Faz muita coisa às escondidas, mas quando suas tramas falham, volta para chorar no ombro amigo da avó que sempre lhe diz:
_Eu te avisei, mas você não aceitou os meus conselhos. Agora, acalme-se! Com o tempo tudo vai passar.
Dona Laura vive triste por perceber que o caminho seguido pelos netos oferece muitos riscos. É violência na escola, droga por toda parte, pessoas imorais... 
Ela não se conforma com o conceito de que os pais deveriam criar os filhos para o mundo. Para ela, os filhos deveriam ser criados para formar uma sociedade mais justa, humanitária, digna e feliz.
Laureane, agora adolescente, começa a pensar melhor devido as pressões sofridas. Há momentos em que ela chega a concordar com a avó. Acha que o mundo está mesmo se tornando cada vez mais louco. Também pudera! Além do que ela ouve nos noticiários, foi testemunha ocular de um crime horroroso contra sua colega. Conseguiu se salvar por um triz! Ficou até traumatizada, precisou de médico e tudo!
Dona Laura volta a dizer:
_ Esses jovens de hoje não vão ter nada de bom para se lembrarem amanhã. Suas tristes recordações ainda vão é atrapalhar o futuro deles. Como acham que vão construir o futuro se não tiverem um passado bom agora?
Pensando bem, não é que a Dona Laura tem razão?! Do jeito que os jovens levam a vida, incluindo seus netos, que recordações boas terão do passado? A maioria deles nem teve infância. Não puderam brincar livremente, fazer exercícios com o corpo e com a mente. Não puderam ser criativos em projetos de verdade, tomar a iniciativa, decidir o que realmente queriam. Ficaram presos em contatos frios por e-mails, sem calor humano, sem amor; sem oportunidade de ajudar os outros, de mostrar humildade, de ser pacientes.
Como podem se sair bem? Pois a convivência exige respeito e amor, e é isso que torna uma pessoa cidadã.
 Após a corrida louca do tempo, Dona Laura e Laureane dão as mãos. Avó e neta ficam em silêncio.
A neta fica pensando em como o mundo mudou. Hoje não se vê nem sombra das coisas do tempo de sua avó. Agora, ela quer muito brincar as mesmas brincadeiras que a avó. Quão bom seria!
 A avó triste por ver o mundo em que os seus netos estão vivendo e por eles não aceitarem totalmente os conselhos que ela lhes dá, seus alertas quanto ao perigo, para se manterem afastados de tanta coisa ruim!
Até mesmo os animais protegem seus filhotes. Não seria de esperar que esta mulher tão sensata se preocupasse com a sua família, principalmente sabendo que, os netos a quem ela tanto ama perderam a mãe, sua única filha, deixando-os para que ela cuidasse deles?
Mas ela não perde a esperança. Luta pelos netos enquanto houver vida e espera que o tempo prove que tem razão e os convença de que o melhor modo de vida é o aconselhado por ela, longe das maldades do mundo e mais próximo do Criador.
 Laureane já entende a avó. Consegue perceber o quanto a avó envelheceu por causa de tantos sofrimentos. Só o tempo nos faz entender plenamente cada coisa.

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