quarta-feira, 4 de julho de 2012





A chegada de um circo na cidade.
(O circo chegou!!!)
                                          Santos, Maria Madalena dos.

 Crianças alvoroçadas chegam da escola em casa contando a novidade.
 _ Mãe, mãe! Chegou um circo na cidade e a senhora vai comprar ingresso para  irmos, não vai?
 _ Como vocês ficaram sabendo disso, meninos? Não foram apenas à escola aqui no bairro? A chegada de um circo na cidade é anunciada por um carro de propaganda, mas eles costumam percorrer apenas no centro da cidade. Pessoas da periferia ficam sabendo bem depois, ou o circo está na cidade há mais dias? 
 _ Ah! Mãe! Pode  até ser que era assim, mas as coisas mudaram, a imprensa entrou em ação. E olha que foi a professora quem disse isso ao entregar estes panfletos e convites para a estréia do circo, avisando-nos de que quem levar este papelzinho aqui,  (o convite), mãe, pagará só a metade. É hoje, diz que vai, mãe, ou que nos dá o dinheiro para pagarmos?! O Júlio, a Marina e eu, sozinhos. É perto e não termina tarde a sessão das crianças.
 Nesse momento chega Sueli, que faltara à escola naquele dia. Fora pegar as atividades de aula para não ficar atrasada, pois é uma aluna muito aplicada e fica sabendo da novidade.
 Sueli é uma garota inteligente e muito extrovertida que gosta de contar histórias. Também é apaixonada por Júlio, coisa de adolescente, e logo se entusiasma com a ida ao circo. Ela relata que no tempo de sua avó a chegada de um circo era divulgada por palhaços que percorriam a cidade falando coisas engraçadas com rimas, e a criançada era convidada a acompanhá-los pelas ruas, respondendo o que eles gritavam, conforme combinado antes, como:
 _ Hoje tem? Hoje tem?_ gritava o palhaço.
 _ Tem sim, senhor!_ respondia em coro a meninada.
 _ Tem circo na cidade?
 _ Tem sim, senhor!
 _ E em quem não for hoje ao circo, uma praga eu vou jogar!
 _ E vai pegar... E vai pegar...
 _ Vai ficar mau da cabeça e com dor no calcanhar!
 _ E vai pegar... Vai pegar...
 E aquela turma que acompanhava os palhaços na propaganda entrava na estreia do circo sem pagar. E não faltava propagandista.
 Júlio interrompe Sueli e lhe pergunta:
 _ Sua avó também percorria a cidade gritando atrás dos palhaços?
 _ Claro e por que não? Naquele tempo ela era criança e também queria entrar no circo sem pagar. Ou melhor, pagando com propaganda.
 _ Se fosse hoje, você faria o mesmo que sua avó? _ pergunta Júlio.
 _ É lógico que sim, e com muito orgulho. Admiro muitíssimo a minha avó. Pelas coisas que ela conta, ela tinha ideias muito avançadas para o tempo dela. Ela até ajudava os palhaços a encontrarem mais rimas para que o anúncio não ficasse tão repetitivo. Só que ela não sabia que com isso fazia poesia.
 Júlio diz de forma eufórica:
 _ É, sua avó, pelo que você conta é mesmo espetacular. Quero conhecê-la.
 Sueli sente o coração bater acelerado, coisa de adolescente, e logo lhe afirma que irá levá-lo na casa dela nas férias. 
 Dona Daniela entra na sala, cumprimenta Sueli e apressa os meninos para o almoço, pois a mesa está servida, convidando a menina para almoçar a qual agradece afirmando ter pressa para ir embora, realizar as atividades da aula. Curiosa ela pergunta à mãe dos meninos se vai deixá-los irem ao circo e a mãe responde que precisa falar com o pai deles e ver se ele tem o dinheiro para lhes dar.
 Saindo, a menina disse que iria voltar mais tarde para saber. Se os filhos dela fossem, ela iria pedir sua mãe para ir com eles também. Júlio sorri escondendo-se atrás de Marina, sua irmã, mas Everaldo, o travesso, revela o segredo dos dois deixando-os meio embaraçados. D. Daniela acha graça da situação, pois os dois ainda são crianças, mas relembra consigo o que acontecera com ela, em seu tempo de escola. E não é que aquela paixão rendeu os três filhos que hoje ela tem, mencionados nesta história, como bênçãos de um matrimônio bem sucedido? Querendo agradá-los ela afirma logo para a menina:
 _ Pode ir e falar com a sua mãe. Meus filhos vão.  Se quiser poderá ir com eles. 
 Pudera! Afinal de contas o circo é uma raridade na cidade e crianças e adolescentes precisam de momentos de lazer, de distração assim.
 Sueli espera os três almoçarem e, em grupo, vão para a casa da menina para convencer a mãe dela a deixá-la ir ao circo com eles.
 Ao receberem a confirmação da mãe do pedido feito, os quatro, de mãos dadas, pulam de alegria e vão correndo se preparar para o momento mais esperado do dia: a estreia do circo.


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