segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O valor do domínio da língua no status social.



O Poder Contrastante da Língua.
Santos, Maria Madalena dos.

         A língua exerce forte influência sobre as pessoas determinando seu status, mas consiste num paradoxo a maneira em que se faz uso dela. Muitas vezes a escola ‘peca’ no uso excessivo de suas convenções chegando a inibir a elaboração de ideias a serem redigidas. O medo de errar na escrita é o fator principal da dificuldade na produção de textos. A maioria, ao se deparar com a necessidade de redigir um texto sabe o que quer exprimir, sabe quais ideias que expor diante do tema, mas não consegue fazer isso por temer errar no seu registro. O uso da gramática serve de freio nessa exposição. São tantas as facetas cobradas que se tornam um entrave para o novo escritor: ele se vê sem ação diante das possibilidades de erros. É erro de concordância..., de regência..., de ortografia..., etc.
         É com esse ponto de vista em mente que Monteiro Lobato afirmou: “os ingleses conquistaram o mundo porque não perderam tempo acentuando as palavras”. Se a principal função da língua é a comunicação, a exposição das ideias deveria ter prioridade em seu ensino, passando a vir a seguir e de forma bem dosada as outras particularidades como: morfologia, sintaxe, semântica, fonologia, ortografia, etc. Se a língua é flexível para que se preocupar tanto com suas convenções, em fixar aquilo que de tempo em tempo sofre alterações.


         É lógico que o cidadão culto deve ter domínio de todas essas áreas, mas para facilitar a chegada a esse estágio, o ponto de partida é a elaboração e a exposição de ideias a serem aplicadas com o uso harmônico e consciente de todas as outras facetas da língua.
         Na oralidade ninguém teme a se expressar, exceto os tímidos, por não temer o erro, o que se fala o vento leva, mas no registro, a maioria teme, por saber que os erros serão vistos e preservados como documento contra quem o escreveu.



         As convenções da língua não só apontam os cultos, mas servem também de peneira para impedir que muitos atinjam esse nível. Basta lembrar-se da enorme parcela da escola que se evade por falta de estímulo, por desânimo, por não conviver em um ambiente favorável, alfabetizador em casa, e ser cobrado na escola de uma coisa sem fundamentos para ela.

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