terça-feira, 1 de outubro de 2013



O “Lata-velha” humano.
Santos, Maria Madalena dos.       
                 Desponta-se no cenário mundial, principalmente no setor da Educação, o imprescindível “Lata-velha” humano, condições em que os profissionais da educação vêm a se encontrarem após terem dado tudo de si em benefício do desenvolvimento do cidadão, de sua ascensão social, para uma melhor qualidade de vida; inserção no mercado de trabalho, concorrendo assim para a evolução do desenvolvimento nacional e universal.
            Falando-se do Brasil, ainda bem que se têm programas voltados para o aprimoramento educacional em termos de melhoria na aprendizagem como vários projetos do governo e o “Soletrando” do programa televisivo do apresentador Luciano Huck, onde os gestores educacionais inscrevem as escolas e os educandos têm tanto a oportunidade de participar como de serem contemplados com prêmios, sendo as escolas também agraciadas, além do reconhecimento público.
            Visto que o programa trabalha com o aprimoramento educacional e tem também o quadro “Lata-velha” no qual se recuperam carros antigos, “cacarecos”, tornando-os novos, modernos, bem equipados, imaginem agora, se esse programa se voltasse para o ser humano, em especial o profissional da educação, cujo trabalho tanto faz para o crescimento e o desenvolvimento da nação, e que, por fim, recai num “ajustamento funcional” por tornar-se incapaz de produzir como antes, não por deficiência intelectual, mas estrutural, física, devido aos desgastes sofridos com o tempo, como no caso dos carros que, às vezes, o motor está em bom funcionamento, mas o “esqueleto”, a estrutura que o sustenta, deixa de fazê-lo.
            Quão feliz a classe do Magistério ficaria ao ver a atenção dada aos seus colegas! Pela recuperação física e emocional realizada nestes, pela sua valorização social a qual é compartilhada, uma vez que, a classe governamental julga estar fazendo o melhor que pode, disponibilizando-os nos setores educacionais para a realização de atividades compatíveis com suas possibilidades. Ato louvável por não explorá-los além dos limites, mas não o melhor.
 Ademais, a classe precisa de uma Política Pública de valorização profissional para o trabalho, de manutenção individual e coletiva para o aperfeiçoamento de seu desempenho, o aprimoramento da qualidade de vida; e, por fim, de segurança e tranquilidade para efetuar a sua jornada de trabalho até o final da carreira, através de benefícios como planos de saúde, ajuda de custo para tratamento de saúde, melhor atendimento pelo IPSEMG nas cidades interioranas (visto que a contribuição é a mesma e o atendimento é muito diferenciado entre capital e interior) e o retorno ao tempo de serviço, independente da idade para a aposentadoria. Há de se lembrar de que o servidor é Ser Humano. Há peças irrecuperáveis, as quais não permitem troca.
            Criando-se um sistema social voltado para a educação, apoiado por empresas, emissoras de TV e outras, em associação ao sistema educacional, quem sabe os profissionais, um dia, não poderão ser mais valorizados, atendidos, passando a ter um final de carreira feliz?! Sem ter de se tornarem vítimas do sistema vergonhoso ao qual sempre pertenceram, e de seus próprios infortúnios na vida, formando uma subclasse dentro da classe do Magistério.
            Sendo a educação a base de tudo na sociedade, todos deveriam voltar-se em apoio a ela para que a formação para o pleno exercício da cidadania não ficasse comprometido, e sim, pudesse ser bem fundada por profissionais críticos, criativos, hábeis, competentes e, acima de tudo, com autonomia, bom-humor e muita vontade de viver, pois o estado de espírito do profissional é contagiante tanto para o bem como para o mal. No entanto, quando estes perdem as expectativas de vida, veem-se desvalorizados profissional e pessoalmente, deprimem-se, afetando a todos ao seu redor.
Se carros velhos, “sucatas” que não tem nenhum sentimento são recuperados, modernizados e vangloriados em festas, quanto mais glória terá a recuperação da dignidade humana!
            Para recuperar uma “sucata”, carro velho, no Programa do Luciano Huck, o “Lata-velha”, da rede Globo, há de ser enviada uma comovente carta para o programa e esta ser selecionada. Este artigo em forma de texto visa ter a função desta carta selecionada para o resgate de toda uma classe de profissionais que se dedica ao trabalho por toda a vida, e que, no final da carreira, vê-se com autoestima baixa, insegura quanto ao seu futuro, desvalorizada, doente e muito triste, quando deveria sair feliz por ter cumprido bem sua missão de educador.
                   Será esta a recompensa para quem batalhou tanto em prol da educação? Que todos reflitam e ajam segundo a consciência de cidadania que têm e do tipo de cidadão que querem ver se formar para enfrentar a complexidade desta aldeia globalizada que é o mundo.

  

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