A chegada de um circo na cidade.
(O
circo chegou!!!)
Santos, Maria Madalena dos.
Crianças alvoroçadas
chegam da escola em casa contando a novidade.
_ Mãe, mãe! Chegou um
circo na cidade e a senhora vai comprar ingresso para irmos, não vai?
_ Como vocês ficaram
sabendo disso, meninos? Não foram apenas à escola aqui no bairro? A chegada de
um circo na cidade é anunciada por um carro de propaganda, mas eles costumam
percorrer apenas no centro da cidade. Pessoas da periferia ficam sabendo bem
depois, ou o circo está na cidade há mais dias?
_ Ah! Mãe! Pode até
ser que era assim, mas as coisas mudaram, a imprensa entrou em ação. E olha que foi a
professora quem disse isso ao entregar estes panfletos e convites para a
estréia do circo, avisando-nos de que quem levar este papelzinho aqui, (o
convite), mãe, pagará só a metade. É hoje, diz que vai, mãe, ou que nos dá o
dinheiro para pagarmos?! O Júlio, a Marina e eu, sozinhos. É perto e não
termina tarde a sessão das crianças.
Nesse momento chega Sueli,
que faltara à escola naquele dia. Fora pegar as atividades de aula para não
ficar atrasada, pois é uma aluna muito aplicada e fica sabendo da novidade.
Sueli é uma garota
inteligente e muito extrovertida que gosta de contar histórias. Também é
apaixonada por Júlio, coisa de adolescente, e logo se entusiasma com a ida ao
circo. Ela relata que no tempo de sua avó a chegada de um circo era divulgada
por palhaços que percorriam a cidade falando coisas engraçadas com rimas, e a
criançada era convidada a acompanhá-los pelas ruas, respondendo o que eles
gritavam, conforme combinado antes, como:
_ Hoje tem? Hoje tem?_ gritava
o palhaço.
_ Tem sim, senhor!_
respondia em coro a meninada.
_ Tem circo na cidade?
_ Tem sim, senhor!
_ E em quem não for hoje
ao circo, uma praga eu vou jogar!
_ E vai pegar... E vai
pegar...
_ Vai ficar mau da cabeça
e com dor no calcanhar!
_ E vai pegar... Vai
pegar...
E aquela turma que
acompanhava os palhaços na propaganda entrava na estreia do circo sem pagar. E
não faltava propagandista.
Júlio interrompe Sueli e lhe pergunta:
_ Sua avó também
percorria a cidade gritando atrás dos palhaços?
_ Claro e por que não?
Naquele tempo ela era criança e também queria entrar no circo sem pagar. Ou
melhor, pagando com propaganda.
_ Se fosse hoje, você
faria o mesmo que sua avó? _ pergunta Júlio.
_ É lógico que sim, e com
muito orgulho. Admiro muitíssimo a minha avó. Pelas coisas que ela conta, ela
tinha ideias muito avançadas para o tempo dela. Ela até ajudava os palhaços a
encontrarem mais rimas para que o anúncio não ficasse tão repetitivo. Só que
ela não sabia que com isso fazia poesia.
Júlio diz de forma
eufórica:
_ É, sua avó, pelo que
você conta é mesmo espetacular. Quero conhecê-la.
Sueli sente o coração bater
acelerado, coisa de adolescente, e logo lhe afirma que irá levá-lo na casa dela
nas férias.
Dona Daniela entra na
sala, cumprimenta Sueli e apressa os meninos para o almoço, pois a mesa está
servida, convidando a menina para almoçar a qual agradece afirmando ter pressa
para ir embora, realizar as atividades da aula. Curiosa ela pergunta à mãe dos
meninos se vai deixá-los irem ao circo e a mãe responde que precisa falar com o
pai deles e ver se ele tem o dinheiro para lhes dar.
Saindo, a menina disse
que iria voltar mais tarde para saber. Se os filhos dela fossem, ela iria pedir
sua mãe para ir com eles também. Júlio sorri escondendo-se atrás de Marina, sua
irmã, mas Everaldo, o travesso, revela o segredo dos dois deixando-os meio
embaraçados. D. Daniela acha graça da situação, pois os dois ainda são
crianças, mas relembra consigo o que acontecera com ela, em seu tempo de
escola. E não é que aquela paixão rendeu os três filhos que hoje ela tem,
mencionados nesta história, como bênçãos de um matrimônio bem sucedido?
Querendo agradá-los ela afirma logo para a menina:
_ Pode ir e falar com a
sua mãe. Meus filhos vão. Se quiser poderá ir com eles.
Pudera! Afinal de contas
o circo é uma raridade na cidade e crianças e adolescentes precisam de momentos
de lazer, de distração assim.
Sueli espera os três
almoçarem e, em grupo, vão para a casa da menina para convencer a mãe dela a
deixá-la ir ao circo com eles.
Ao receberem a
confirmação da mãe do pedido feito, os quatro, de mãos dadas, pulam de alegria
e vão correndo se preparar para o momento mais esperado do dia: a estreia do
circo.
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