O Poder Contrastante da Língua.
Santos, Maria Madalena dos.
A
língua exerce forte influência sobre as pessoas determinando seu status, mas
consiste num paradoxo a maneira em que se faz uso dela. Muitas vezes a escola ‘peca’
no uso excessivo de suas convenções chegando a inibir a elaboração de ideias a
serem redigidas. O medo de errar na escrita é o fator principal da dificuldade
na produção de textos. A maioria, ao se deparar com a necessidade de redigir um
texto sabe o que quer exprimir, sabe quais ideias que expor diante do tema, mas
não consegue fazer isso por temer errar no seu registro. O uso da gramática
serve de freio nessa exposição. São tantas as facetas cobradas que se tornam um
entrave para o novo escritor: ele se vê sem ação diante das possibilidades de
erros. É erro de concordância..., de regência..., de ortografia..., etc.
É
com esse ponto de vista em mente que Monteiro Lobato afirmou: “os ingleses
conquistaram o mundo porque não perderam tempo acentuando as palavras”. Se a
principal função da língua é a comunicação, a exposição das ideias deveria ter prioridade
em seu ensino, passando a vir a seguir e de forma bem dosada as outras
particularidades como: morfologia, sintaxe, semântica, fonologia, ortografia,
etc. Se a língua é flexível para que se preocupar tanto com suas convenções, em
fixar aquilo que de tempo em tempo sofre alterações.
É
lógico que o cidadão culto deve ter domínio de todas essas áreas, mas para
facilitar a chegada a esse estágio, o ponto de partida é a elaboração e a
exposição de ideias a serem aplicadas com o uso harmônico e consciente de todas
as outras facetas da língua.
Na
oralidade ninguém teme a se expressar, exceto os tímidos, por não temer o erro,
o que se fala o vento leva, mas no registro, a maioria teme, por saber que os
erros serão vistos e preservados como documento contra quem o escreveu.
As
convenções da língua não só apontam os cultos, mas servem também de peneira
para impedir que muitos atinjam esse nível. Basta lembrar-se da enorme parcela
da escola que se evade por falta de estímulo, por desânimo, por não conviver em
um ambiente favorável, alfabetizador em casa, e ser cobrado na escola de uma
coisa sem fundamentos para ela.
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